O primeiro e o maior milagre não foi a pesca abundante de bons peixes para o banquete que as autoridades de Guaratinguetá iriam oferecer ao hóspede ilustre, o Conde de Assumar.
O maior milagre foi o encontro da pequenina imagem de N. Sra. Aparecida nas águas do rio Paraíba em 1717. Para quem já teve a oportunidade de visitar o Porto de Itaguaçu, onde o rio faz uma curva e devido a essa curva, as águas fazem redemoinhos, são mais profundas e escuras. Foi exatamente nesse lugar, que os três pescadores, depois de um dia cansativo e sem nada pescar, encontraram a imagem de N. Sra. Aparecida.
O desânimo já tomava conta daqueles homens acostumados à lida da pesca. Mas aquele dia parecia ser diferente. Onde estavam os peixes, tão abundantes naquelas águas?
Certamente, depois de uma prece silenciosa, feita mais com a alma do que com o coração recobraram os ânimos e jogaram a rede novamente. Das águas profundas e escuras não encontram naquele lance de rede nenhum peixe. Mas a rede não voltou vazia. Ela trazia um pequenino objeto escuro, que nada mais era do que um pedaço de uma imagem.
Talvez se o pescador fosse um de nós, teríamos dito:
- Que bela porcaria! Deus está brincando conosco!
Há momentos que o silêncio diz mais que milhões de palavras e um olhar exprime a mais profunda prece.
Que comentários fizeram aqueles pescadores diante daquele pedaço de imagem? Não sabemos. Sabemos que não desistiram diante daquela aparente “provocação”. Provocação de fé ou provação de fé. Deus parece gostar de provar as pessoas.
Novamente atiram as redes nas águas. Agora, um pouco mais abaixo, onde a correnteza era maior.
A rede não volta vazia. Há uma coisa presa na rede. É um pequeno objeto que cabe na mão de uma criança. É mais um pedacinho. É a cabeça que faltava para completar a imagem. Os dois pedaços se encaixam, se unem formando a imagem da Imaculada Conceição.
- Passamos a noite toda atirando redes e nada pescamos reclamou Pedro para Jesus.
- Mas se o Senhor manda, vamos tentar mais uma vez. E a pesca foi maravilhosa. Eram peixes de todos os tipos e tamanho.
Depois de acomodar os dois pedaços da pequena imagem no do barco, os três pescadores recomeçaram seus trabalhos. E como no evangelho, a pesca foi maravilhosa, abundante.
Milagre foi a rede atingir o fundo do rio e pegar primeiro a parte maior, o corpo da imagem e depois a cabeça. Por isso dizemos que Aparecida nasceu de um milagre.
Com certeza o Conde de Assumar apreciou muito os peixes pescados pelos três pescadores: Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves.
Era o começo de uma grande história de fé e o surgimento de um grande centro de peregrinação, hoje conhecido do mundo todo, Aparecida.
Por que Aparecida do Norte?
É comum as pessoas chamarem a cidade de Aparecida como “Aparecida do Norte”.
- Como surgiu esse “Norte”. Isso se deve a Estrada de Ferro do Norte. Inaugurada em 1875, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro.
A estrada de Ferro do Norte, hoje Central do Brasil, foi muito importante para a região do Vale do Paraíba. Desde sua inauguração até meados do século passado, todo o transporte de passageiros entre São Paulo e o Rio de Janeiro era feito através do trem.
Os romeiros que vinham de São Paulo para Aparecida, vinham de trem (Estrada de Ferro do Norte). Por causa disso Aparecida ganhou o apelido “Aparecida do Norte”.